TWISTED SISTER, ANGRA, METAL CHURCH, LOUDNESS, SODOM AND MOLLY HATCHET
Trabalhar num festival pode ser prazeroso pelo ponto de vista da quantidade de atrações musicais. Mas pode ser insano se levarmos em conta o tamanho da logística e a correria desenfreada para manter o cronograma intacto.
A edição do Live´n´Louder festival de 2013 trouxe nada menos que: Twisted Sister, Angra, Metal Church, Loudness, Sodom e Molly Hatchet.
Cheguei as seis da matina (isso num domingão!)...e só fui embora as duas da manhã da segunda feira...
Desta feita, fui incumbido como técnico de backline pela locadora de gear (Só Palco). A equipe de feras: Gabriel, Pedrão, Rogério e eu. Gabi e Pedrão batem cartão comigo em muitos shows – trabalhar com eles é sinônimo de precisão! Já o Rogério...esse cara é a lenda (trampa com o Motorhead, Alice Cooper, Saxon entre outros). E da produtora e da locadora de som, muita gente competente também compareceu e formamos um time de final de campeonato.
Quando a equipe é boa, o sofrimento e as dores de cabeça são minimizadas.
Além do nosso quarteto do backline, tínhamos mais quatro da produção especializados em vários instrumentos, a galera da sonorização, equipe de luz e os 10 carregadores para fazer força e nos ajudar. E ainda, o staff de produção executiva e equipe de apoio da casa.
A correria? Sim e muita! Começar a separar o gear, montar o backline de cada banda nos praticáveis, organizar os cases, fazer as marcações de compartilhamento, seguir um schedule duvidoso de horários, organizar...organizar...correr e correr.
Backline imenso! Só o Twisted Sister...eram 15 gabinetes 4 x 12 Marshall, 4 caixas 4 x 10 e diga de passagem: não compartilhados.
Mas o pior são os itens compartilhados. É necessário memorizar, marcar e depois guardar tudo. Imaginem a quantidade de rolos de fitas que gastamos. Só de meu estoque foram dois rolos de gaffer coloridas e um rolo de silver que dei para a galera do Loudness. Outra coisa: num festival, os imprevistos são proporcionais ao tamanho do evento.
Um festival em um único dia! Parece simples. Mas montar tudo, passar o som e depois começar o evento. O dia foi longo. Olhava para o relógio era quase meia hora de intervalo de cada 5 em 5 minutos!
Logo recebemos o schedule correto da passagem de som - que começou atrasada – Angra em primeiro, Loudness em segundo, Molly Hatchet, Metal Church, Sodom, respectivamente. O Twisted Sister não passou o som. Os roadies fizeram apenas um linecheck, que facilitou a vida dos presentes.
Quando a banda Loudness chegou, foi um “choque” revê-los depois de tanto tempo. Logo me tornei o interprete (haja visto que o inglês dos nipônicos era very bad). E não demorou ser recrutado como técnico deles durante o show. Falei com o chefe Gabi e tudo certo.
Os técnicos das bandas chegaram aos poucos e sintonizamos o mesmo esforço e suor. Galera do Molly Hatchet nos procurou e conseguimos resolver as dúvidas e mudamos parcialmente o backline – aumentando o compartilhamento, mas isso nos facilitou a vida. Antes do show, já conseguimos guardar alguns itens e separá-los para a carga de volta.
O Loudness foi tranquilo. Apenas faltaram pratos que compartilhamos com o headliner e outras bandas. Sodom foi tranquilo. Metal Church foi tranquilo. Angra com estrutura própria e pouco backline (de nossa responsabilidade) e o backline imenso do Twisted Sister foi posicionado na traseira extrema do palco. Aos poucos, os praticáveis ficaram “logisticamente” posicionados. E bastava apenas por em prática e em mínimo tempo possível, as trocas de gear para cada banda.
Tive um momento tenso e insólito: fui interprete do Loudness durante uma reunião de negócios e acertos com a produção do festival. Banda e empresários reunidos sob minha tradução resolvendo pendências e negociando diversos tópicos. O que foi tenso no início, meio e fim – terminou com o desfecho satisfatório num contexto geral. Mas deixei a minha equipe por quase uma hora e meia...o que me chateou bastante. Afinal, fui contratado para cuidar do backline. Mas o que fazer diante da convocação do promotor chefe e dono da festa, para ajudar na negociação conturbada com o Loudness. Nada...tive que encarar e foi algo surreal.
Na foto abaixo, a pedaleira do Akira Takasaki
Na foto abaixco, Loudness passando o som:
Na foto abaixo, MollyHatchet stage set up:
Mas terminada a conversação, voltei para o trabalho e resolvi nem jantar e deixar meus colegas descansarem. Era o mínimo que poderia fazer.
O festival começou no horário. O intervalo para cada troca de banda foi de aproximadamente 20 a 30 minutos. Cada artista tinha 50 minutos de apresentação e apenas o headliner teve mais tempo. Apesar do pouco público, as bandas mandaram bem.
Ver o Molly Hatchet no palco foi sensacional. Fiz amizade com a banda toda. Durante a apresentação do Loudness, eles ficaram assistindo o show e me viram trabalhar. Recebi um inusitado convite para trabalhar com eles, que obviamente me honrou muito. Como diz uma amiga minha, Heloisa Vidal, sou “pagapau dos caras”.
Tanto que na foto abaixo: eu e Dave Hlubek (guitarrista da formação original do Molly)
Show
Palco
Sodom no palco: três caras espalhados num stage imenso e detonando. Tudo dentro do protocolo.
O Loudness veio sem vocalista (Minoru Niihara da formação original está em tour solo e não pode vir). A emenda que seria a participação de Mike Vescera (que já integrou a banda anteriormente), convidado especialmente para este festival, não funcionou. Mike não veio, nem perdeu o vôo. Desistiu simplesmente sem explicações horas antes. O brasileiro Iuri Sanson, vocalista da banda Hibria (que faz sucesso no mercado japonês) teve que ensaiar e cantar todas as músicas. E o cara fez com competência e imenso profissionalismo.
O show foi bem sensacional e eu trabalhei para eles – o que foi mais sensacional ainda. Algumas coisas que aconteceram: pedal DW do baterista quebrou na emenda traseira. Tínhamos um reserva de prontidão! Amplificador do Akira pifou no final da Crazy Nights...lá fui eu correr e pegar um outro cabeçote. De resto, tudo perfeito. Trabalhar para o Loudness foi a cereja do bolo!
Essa foto abaixo, tirei nos camarins com o Akira e o Masayoshi (baixista).
Set List do Loudness
Na foto abaixo, eu trampando atrás do amp de baixo...foto tirada por alguém da platéia...bem legals!
Metal Church! Acho que o melhor show da noite. Molly Hatchet foi ótimo, Loudness idem. Mas eles destruiram tocando músicas do primeiro disco. Nos bastidores, falei bastante com Jeff Plate – batera do Metal Church, (ex-integrante do Savatage). Foi ótimo revê-lo. E o que dizer de Craig Wells? Toca muito!
Set list do Metal Church
O Angra foi a banda que menos usou itens do nosso backline. Eles trouxeram a maioria das coisas. O multi vocalista Fabio Lione fez parte do line up da banda. Depois da passagem de som perguntei a ele quem tocou em mais bandas, ele ou Rudy Sarzo? Ele sorriu respondendo: “acho que eu conseguirei superar a marca dele, sou mais novo que o Rudy”!
O Twisted Sister fez um show impecável. Fiquei trabalhando nos cases e guardando o backline e eventualmente, ficava assistindo o show junto com o guitar tech deles, Keith Robert.
No final do show, um fotógrafo insistiu em ficar no cockpit e tivemos que tirá-lo na base da força. Rolou um estresse tremendo e logo (perdendo a minha paciência nipônica), toquei o cara pra fora. Keith me agradeceu e justamente nessa hora o BOSS, Paulo Barón também veio intervir. Nada contra os fotógrafos, mas esse ai...realmente era sem noção...
Twisted Live Sisters! Dee Snider e aceclas no palco...num breve e raro momento que fui para a frente do palco e a galera me chamava de: Akira, Akira, Akira...logicamente, entrei de volta para o backstage...para alívio dos seguranças das redondezas...
Keith trampando nas guitarras!
Set List do TS:
Saio gratificado por conhecer tanta gente legal. E ter a honra da convivência com tantos profissionais do mais alto calibre, incluindo obviamente, a nossa equipe.
Acho que a pior hora é o final. Quando temos que desmontar, recolher, contar e guardar tudo. E depois fazer a carga. Mas depois de tudo certo...voltei pra casa e tentei dormir...com os resquícios de zumbidos dos altos decibéis que povoaram meu cérebro e posteriormente...minhas lembranças.
E quem sabe serei escalado para o Live ´n´ Louder parte 2??
Workshop com Ze Roadie (diretor técnico de Chitãozinho & Xororó, Zizi Possi, etc), Andre Kbelo (Técnico de Áudio: Sepultura, Capital Inicial, Ron Carter, etc) e Henry Ho (Guitar Tech/Luthier).
Serviço – LIVE N’ LOUDER ROCK FESTIVAL PARTE 1
Local: Espaço das Américas
Endereço: R. Tagipuru, 795, Barra Funda – São Paulo, 01156-000
Data: 14/04/2013, domingo
Horário de início do show: 17h40
Duração: 6h00 (aproximadamente)
Abertura da casa: 16h
Informações e compra de ingressos:
Bilheteria:
Camarote Limitado R$ 500,00 – meia entrada R$ 250,00
Pista 1º Lote R$ 300,00 – meia entrada R$ 150,00
Bilheteria oficial SEM taxa de conveniência:
Espaço das Américas: Rua Tagipuru, 795 – Barra Funda
Funcionamento: de segunda a quarta (das 10h00 às 19h00), e de quinta a sábado (das 11h00 às 19h00).
Formas de Pagamento: cartões de crédito, débito e dinheiro
Vendas Online: www.ticket360.com.br
Call center Ticket360: (11) 2027-0777
Estacionamento: anexo ao local
Área para fumante: sim
Acesso para deficientes: sim
Estacionamento no local: sim
Censura: 18 anos
Informações gerais: www.toplinkmusic.com
Assessoria de Imprensa – Top Link Music
Damaris Hoffman
Phones: +55 (11) 2862-4696
E-mail: press@toplinkmusic
Oi galera! Estou com uma nova coluna na revista Guitar Player. É a Dicas na Estrada.
O staff me pediu para fazer algo diferente e relacionado com meu trabalho paralelo - técnico de backline e guitar tech. Essa primeira coluna foi publicada na edição 203, de março de 2013. Espero que curtam e mandem sugestões!
Sim, é bom estar de volta para a revista. Não foi algo que eu procurei ou resolvi por conta própria.
Foi algo natural. Trabalhei na GP por quase cinco anos e saí com a porta aberta. Ano passado fiz uma matéria especial para a edição GP METAL e desde então...voltamos a conversar.
A idéia é fazer coisas diferentes e não conflitar com as matérias do meu brother Jaques Molina. Valews a todos por sempre prestigiarem!
Para quem não sabe, fui escalado para trabalhar no festival Lollapalooza, mas fui designado para outros dois eventos paralelos. O Lolla Party – uma festa com os patrocinadores do festival (Billboard, Chilli Beans, Heineken, Red Bull, Sony e outros) e os side shows, no Cine Jóia.
O Lolla Party aconteceu no salão de eventos do hotel Unique. Fui lá cuidar do backline da banda americana Passion Pit: http://passionpitmusic.com/
A festa balada foi bem generosa com quitutes e muitos drinks...sim, sim, sim...permaneci sóbrio e seco...e não degustei absolutamente nada. Sempre de olho no palco e nos equipamentos. É sempre bem legals ver os gringos trabalharem. Novidades e traquitanas apareceram pelo palco e já estou indo atrás disso!!!
Na foto seguinte: o palco do Passion Pit.
13 teclados...sim...eram 13 dentaduras...algumas digitais e outras analógicas!
O show foi tranquilo. Apenas um dos teclados falhou - tive que correr para checar a fonte e o power. Resolvemos em 1/4 de minuto. Era o próprio power supply da banda que resolveu ser temperamental.
A banda agitou bastante com um "pop-indie-No-rock". Sim...o som deles estava mais para pop/dançante que para indie rock! E pensar que, exceto o vocalista, todos da banda são formados na Berklee College of Music! Nada contra som dançante e comercial feito por supostos virtuoses...foi apenas um comentário!
Terminado o show, arrumamos o palco...dei um rolê pela festa e resolvi ir embora no meio da madrugada. Não, não, não...não bebi nem cerveja, nem tequila, nem uísque, nem vodka, nem pinga, nem comi doguinho, nem comi carne louca e nem comi periguete. Trampo acabou, mantive a postura e zarpei!
Na sequência, tive os Side Shows do Lolla no Cine Jóia. Dia 29, a banda inglesa Hot Chips. E quem conhece, sabe que as músicas do conjunto costumam tocar em baladas dançantes...Eu não os conhecia e em termos de equipamentos, predominaram os teclados. E meu amigo, Paulo Palmieri esteve no palco para afinar e dar uma checada no Fender Rhodes piano!
Em meio a tantos teclados...o rack de guitarras tinha coisas bem interessantes como Gibson ES-335, Firebirds, Epiphone antiga e uma stratocaster relic!
set list dos caras:
O show terminou de madrugada e durante as três noite - foi assim: sempre terminando perto das 4 da manhã! E até chegar em casa, tomar banho, comer algo e ZZZZzzzzzzzz...777% desgastante!
A equipe técnica era composta de ingleses e a banda misturou um pouco de Björk com melodias tradicionais nórdicas. E pra variar, além dos teclados...tinha um acordeão em algumas músicas.
O som? Achei sonolento e letárgico sem ser indolente. Algumas fãs vieram falar comigo e achei dahora o interesse em conhecer o trampo dos "stage techs". É o que costumo falar pra galera: hoje em dia, estamos sendo constantemente observados.
set list da banda:
Terceiro e último dia. Já exausto e contando os segundos...trabalhamos para a banda americana Alabama Shakes. Link: http://www.alabamashakes.com/
Provavelmente, uma das poucas bandas de Rock and Roll que se apresentaram no festival. Eu particularmente, curti muito o som! É simples, direto, sem firulas, mas tinha teclados hein...
Destaque para a excelente vocalista Britanny Howard...uma mistura de Amy Winehouse e Etta James (nos primórdios). Pra mim, a banda mais legal dos Side Shows.
set up do baterista Steve Johnson
set up da Brittany
set up do baixista Zac
set up do outro guitarrista: Health Fogg
um Hammond 1963 (por ai...)
E o expert master, Paulo Palmieri dando um trato num piano elétrico Wurlitzer de 1969 (por ai...)
Pois é...a tecladeira predominou...e pelo jeito...no Jóquei Club...não foi diferente!
set list dos caras:
Terminei os Side Shows totalmente exausto e detonado...mas valeu principalmente por conhecer gente com profissionalismo maiúsculo: Ana, Miguel, Maurício, Rafael, Guga, the "Loaders Gang", Érica, staff da casa e outros.
Com tantos teclados...esqueci de devolver um Nord no segundo dia, que felizmente, não estava destinado para qualquer outra banda do festival. Se não fosse isso, o trampo teria sido impecável...mas também estou sujeito a FAIL!
Imagine somente um atendente de fast food, tentando dar conta de uma população enorme de adolescentes famintos na hora do intervalo. Talvez tenha sido desta forma que a galera & eu, nos sentimos nesses quatro dias de shows! Pelo menos, escapamos da lama e em vez de esterco...predominou o cheiro dos teclados.