Aproveitando que comprei um scanner novo...e a falta de assunto (sim...tô devendo novas ferramentas e os shows pararam um pouco...quem sabe...terei mais alguns em breve?)
Bom, estas fotos eu estava devendo para um amigo que é muito fã do sueco voador - Yngwie Malmsteen, e o relato de como foi trabalhar para ele, em 2001.
A galera da produção sofreu demais. No aeroporto, ele quis uma limusine desdenhando a van..."bandas como Rhapsody e Savatage" usam vans, mas EU?....EU sou o "The King". No hotel...apesar de ser um da rede Blue Tree...o sueco exigiu o Hilton...mas galera da produção conseguiram contornar a parada. No almoço, levaram a trupe para a churrascaria...mas ele não se levantou para se servir....simples: o "The King" não se serve...tem que ser servido. A tour manager Denise Love é a cunhada dele - e a esposa na época nem pode vir ao Brasil, explica se: por causa do 11 de setembro, e como a mulher dele é turca, não arriscaram tirá-la dos States. Com o risco da re-entrada da referida ser negada.
Bom, a tal da Denise Love cuidou de servir o sueco voador e provavelmente, não permitiu a presença de groupies no quarto do cunhado (???). O mal humor prevaleceu. Cancelaram as coletivas de imprensa e cancelaram a apresentação da banda de abertura. E um xingamento bastante contundente foi proferido pelo sueco voador quando a galera da Guitar Player Brasil, trouxe uma edição com ele na capa...mas a foto realmente era antiga e horrível.
Eu estava na Via Funchal desde cedo e junto com o roadie Steve, alinhamos as coisas no palco e a pedido dele, troquei as cordas das guitarras e dei uma geral em tudo.
Yngwie chegou de cara amarrada, deu uma bronca em Steve e olhou "carrancudo" para mim...mas nada disse. Pegou uma strato, a número 2 e foi esquentar os dedos.
Olha as stratos (na foto abaixo) esperando cordas novas. A galera da Guitar Player e Cover Guitarra aproveitaram para tirar as fotos. Na época, eu era colunista da GP e da Rock Brigade, mas sempre evitei "misturar" as coisas - shows e matérias. Mas acabei escrevendo algo para ambas as publicações.
Na foto abaixo, o rack das guitarras no backstage. Terminada as regulagens, Yngwie desceu e começou a passagem de som. A banda: vocal com Doug White, Mike Cervino (argentino esquisitão) no baixo, Patrick Johansson na bateria e nos teclados o Derek Sherinian (que passou a tarde decorando o hino nacional). Pois é, essa tour foi referente ao inusitado incidente em Porto Alegre: Yngwie no momento da fritação solo, tocou o hino americano...e alguns muitos da platéia começaram a gritar "Bin Laden", "Bin Laden"...o que evidentemente irritou o sueco, a banda e o Derek (único americano da banda) que postou no site pessoal, um protesto contra a atitude da galera. Mas o lance "pegou" mal...pela maneira como ele se expressou. E conclusão: Derek decorou o hino nacional do Brasil para se redimir no show de sampa.
O pedalboard do guitarrista, aliás, bem modesto! Mas o cara tirou timbres fantásticos e impressionantes. A passagem de som foi muito legals...tirando o fato de que o sueco mandou todos sairem do lugar (inclusive eu e Steve)...mas a gente ficou num canto e presenciamos uma enxurrada de covers do Purple, Rainbow, Sabbath, Hendrix, Motorhead, Van Halen, Robin Trower, Scorpions e UFO.
Terminada a passagem de som, ajudei Steve nos preparativos finais e fomos jantar. Combinei com ele de cuidar do baixista e das guitarras reservas e do violão. Steve fica o tempo todo de "olho" em Yngwie...e quem ficou cuidando das afinações fui "yo". Steve na verdade, entrou no trampo com o sueco apenas para a tour sul americana. Ele já tinha uma agenda reservada para o Blue Murder e o Iced Earth na sequência. Por isso comentou: "foda se o Yngwie...logo logo eu pego outra tour e essas broncas, ele dá porque quer parecer um rockstar afetado e temperamental".
Durante o jantar, me surpreendi com o sueco passando pela nossa mesa e agradecendo pelo trampo. E me chamou de Jake E Lee...o que considerei um elogio.
O show? Olha, foi o "padrão Malmsteen de qualidade"...fritação, poses, caras, bocas...e mais fritação. O cara é um absurdo de técnica e feeling! Um detalhe me agradou: quando Steve entrou para trocar uma das guitarras, o sueco tratou de apresentá-lo ao público.
De resto: a banda terminou o show...banho no camarim, groupies "causando" no backstage, galera da produção quase saiu no tapa com o sueco e dois dias depois...me disseram que apenas o produtor esteve no hotel (no dia seguinte) para deixá-los no aeroporto.
Bom, sim...sim...valeu a experiência. Não faria de novo (???), apesar de que ouvi relatos mais amenos com relação a pessoa do sueco em tour mais recentes por aqui.
Não sou de ficar contando coisa antiga. Mas essa fiz questão de fazê-la a pedido de alguns amigos. Espero que tenham saciado a curiosidade. Abrax!